terça-feira, 30 de março de 2010

Barroco Flamengo

A região sul dos Países Baixos, chamada Flandres na época, e mais tarde Bélgica, permaneceu católica depois da Reforma, o que deu aos artistas grande incentivo para produzir pinturas religiosas. A história da pintura barroca flamenga é na verdade a história de um homem, Sir Peter Paul Rubens (1577-1640).

“Príncipe dos pintores e pintor dos príncipes”, segundo um embaixador inglês, Rubens teve uma vida sofisticada, que o levou às cortes da Europa como pintor e como diplomata. De fato, era um pintor mais europeu que regional, que trabalhou para os governantes de Itália, França, Espanha e Inglaterra, além de Flandres. Consequentemente, seu estilo sintetiza os estilos e os conceitos do sul e do norte.

Um raro gênio criativo que reunia tanto o sucesso mundano quanto a felicidade pessoal, Rubens tinha uma formação clássica e era sociável, bonito, vigoroso e viajado. Falava fluentemente seis idiomas e tinha uma energia inextinguível. Alguém que visitou seu estúdio relata que viu o mestre pintando enquanto ouvia uma leitura de Ovídio em latim, mantinha uma conversação culta e ditava uma carta – tudo ao mesmo tempo. Um mecenas disse que “Rubens tem tantos talentos que seu conhecimento de pintura pode ser considerado o menor deles”.

A energia é o segredo da vida e da obra de Rubens. Sua produção de mais de dois mil quadros é comparável apenas à de Picasso. Vivia sobrecarregado de encomendas, que o tornaram rico e renomado. Acordava às quatro da madrugada e trabalhava sem parar até a noite. Ainda assim, precisava de uma equipe de assistentes para atender à demanda. Seu estúdio foi comparado a uma fábrica onde Rubens fazia pequenos esboços em cores, em óleo, ou delineava uma obra em tamanho definitivo, que seus assistentes pintavam (foi assim que van Dyck começou) e ele dava os toques finais.

Seu estúdio em Antuérpia (hoje aberto a visitação pública) ainda mantém o balcão sobre a área de trabalho de onde os visitantes podiam assistir à pintura de suas grandes obras. Alguém relatou uma cena de Rubens de braços cruzados, olhando fixamente para um painel em banco, e depois explodindo numa torrente de pinceladas que cobriram o painel inteiro.

Descida da Cruz, Rubens, c. 1612. Catedral da Antuérpia. “A Descida da Cruz”, Peter Paul Rubens

Esse quadro, pleno de curvas barrocas e iluminação dramática, consagrou a reputação de Rubens

Carol Strickland, Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno

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