quinta-feira, 1 de abril de 2010

Anthony van Dyck

O retrato formal informal

Verdadeira criança prodígio, van Dyck (1599-1641) já era um pintor bem sucedido aos 16 anos. Trabalhou com Rubens em Antuérpia durante alguns anos, mas, descontente por estar em segundo plano, seguiu seu próprio caminho, primeiro na Itália e mais tarde na Inglaterra, onde se tornou pintor da corte de Carlos I.

Bonito, frívolo e fabulosamente talentoso, o pintor era chamado de il pittore cavalleresco por sua esnobe futilidade. Convivia com a alta sociedade e se vestia com ostentação, trazendo sempre a espada na cinta, e adotou o girassol como seu símbolo pessoal. Magnífico retratista, van Dyck lançou um estilo nobre e ao mesmo tempo íntimo, psicologicamente penetrante, que influenciou três gerações de pintores.

Van Dyck transformou as congeladas imagens oficiais da realeza em seres humanos. Nessa nova modalidade do retrato, ele colocava os aristocratas em cenários com colunas clássicas e cortinas tremeluzentes para transmitir a ideia de refinamento e status. No entanto, a facilidade de composição de van Dyck e seu senso de movimento contido, como se o personagem estivesse numa pausa, e não numa pose, emprestavam humanidade à cena que, de outra forma, seria empedernida.

Outro motivo de popularidade de van Dyck era sua habilidade para favorecer o modelo: em seus pincéis, todos se tornavam esbeltos padrões de perfeição, apesar do testemunho ocular em contrário. Carlos I era feio e atarracado, mas as mãos de van Dyck fizeram um vistoso rei cavaleiro, de pé num outeiro, como um guerreiro supervisionando o campo de batalha, sob um dossel de folhas de uma frondosa árvore. Um truque usado por van Dyck era pintar a proporção entre cabeça e corpo na razão de um para sete, em vez de um para seis, como se usava. Esse recurso alongava a figura, mostrando-a mais esguia.

 

Carlos I na Caçada, van Dyck, 1635, Louvre, Paris. Carlos I na Caçada, Anthony van Dyck

Carol Strickland, Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno

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