O auge do desenvolvimento artístico da Idade Média, rivalizando com as maravilhas da Grécia e de Roma na Antiguidade, foi a catedral gótica. De fato, essas "Bíblias de pedra" superaram até mesmo a arquitetura clássica em termos de ousadia tecnológica. Entre 1200 a 1500, 0s construtores medievais ergueram essas estruturas elaboradíssimas, com interiores atingindo uma altura sem precedentes no mundo da arquitetura.
O que tornou possível a catedral gótica foram dois desenvolvimentos da engenharia: abóbada com traves e suportes externos chamados arcobotantes, ou contrafortes. A aplicação desses pontos de apoio nos locais necessários permitiu trocar as paredes grossas com janelas estreitas por paredes estreitas por janelas enormes com vitrais inundando de luz o interior. As catedrais góticas não conheceram a Idade das Trevas. Sua evolução foi uma contínua expansão de luz, até que as paredes se tornaram tão perfuradas que ficaram verdadeiros pinázios emoldurando os imensos campos de vitrais coloridos, que contam histórias religiosas.
Além a qualidade de treliça das paredes das catedrais (efeito de renda petrificada), a verticalidade caracteriza a arquitetura gótica. Os construtores usavam o arco pontudo, que aumenta tanto a ilusão como a realidade da altura. Os arquitetos competiam entre si para realizar as mais altas naves. Quando a ambição ultrapassava a tecnologia e a nave despencava, o que não era difícil acontecer, os fervorosos fiéis a reconstruíam.
As catedrais góticas eram um símbolo tão importante de orgulho cívico que o pior insulto para a cidade era um invasor pôr abaixo a torre da catedral. A devoção coletiva por esses prédios era tão intensa que todos os segmentos da população participavam da construção. Cavalheiros e damas, em contemplativo silêncio, trabalhavam lado a lado com açougueiros e pedreiros, empurrando carrinhos de mão cheios de pedras. Edificações tão complexas levavam literalmente séculos para ser construídas - a Catedral de Colônia levou seis séculos -, o que explica porque algumas parecem uma miscelânea de estilos sucessivos.
STRICKLAND, Carol. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.
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