Goya ficou obcecado com a descrição do sofrimento causado péla intriga política e pela decadência da corte e da Igreja espanholas. Disfarçava sua repulsa, porém, com sátira, como nas perturbadoras “pinturas negras” que fez nas paredes de sua vila. Quinta del Sordo (casa do surdo). Os 14 grande murais em negro, marrom e cinza de 1820-22 apresentam monstros assustadores engajados em atos sinistros. “Saturno Devorando Seus Filhos” retrata um gigante voraz com olhos abertos, lunáticos, enfiando o corpo dilacerado, decapitado, do seu filho no papo. A técnica de Goya era tão radical quanto sua visão. A certa altura, executou afrescos com esponjas, mas suas pinturas satíricas foram feitas com pinceladas amplas, ferozes, tão ardentes quanto os eventos retratados.
“Saturno Devorando Seus Filhos”, Francisco de Goya
Goya morreu na França, num exílio auto-imposto. Teve vinte filhos, mas não seguidores. Seu gênio era por demais único e suas simpatias intensas demais para se repetirem.
Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.
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