quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Romantismo

A era romântica  de 1800-50 foi a Idade da Sensibilidade. Tanto escritores como artistas optaram pela emoção e pela intuição no lugar de objetividade racional. Como escreveu o paisagista romântico alemão Caspar David Friedrich, “o artista deve pintar não só o que vê à sua frente, mas também o que vê dentro de si”. Os românticos perseguiam sua paixão a pleno vapor. Mas viver intensamente, em vez de sabiamente, tinha seu preço. Poetas e compositores românticos como Byron, Keats, Shelley, Chopin e Shubert, todos morreram jovens.

O Romantismo tirou seu nome de um renovado interesse nas lendas medievais chamadas romances. Estavam na moda histórias de horror “góticas”, combinando elementos do macabro com o oculto (foi durante esse período que Mary Shelley escreveu Frankenstein), assim como a arquitetura que revivia o gótico de torres e torreões das Casas do Parlamento de Londres. Na decoração, armas e armaduras estavam in. Sir Walter Scottt e o romancista Horace Walpole mandaram construir castelos pseudogóticos. Este último sempre dizia: “Contemple brinquedos góticos  através de lente gótica.

Outra marca do Romantismo foi seu culto à adoração da natureza. Pintores como Turner e Constable elevaram o status da pintura de paisagem dando a cenas naturais tons excessivamente heróicos. Tanto o homem como a natureza eram vistos como se tocados pelo sobrenatural e era possível vislumbrar  sua divindade interior, assim rezava a cartilha romântica, confiando no instinto

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pinturas Negras - Goya

Goya ficou obcecado com a descrição do sofrimento causado péla intriga política e pela decadência da corte e da Igreja espanholas. Disfarçava sua repulsa, porém, com sátira, como nas perturbadoras “pinturas negras” que fez nas paredes de sua vila. Quinta del Sordo (casa do surdo). Os 14 grande murais em negro, marrom e cinza de 1820-22 apresentam monstros assustadores engajados em atos sinistros. “Saturno Devorando Seus Filhos” retrata  um gigante voraz com olhos abertos, lunáticos, enfiando o corpo  dilacerado, decapitado, do seu filho no papo. A  técnica  de Goya  era tão radical quanto sua visão. A certa altura, executou afrescos com esponjas, mas suas pinturas satíricas foram feitas com pinceladas amplas, ferozes, tão ardentes quanto os eventos retratados.

Saturno Devorando Seus Filhos,  Francisco de Goya“Saturno Devorando Seus Filhos”, Francisco de Goya

Goya morreu na França, num exílio auto-imposto. Teve vinte filhos, mas não seguidores. Seu gênio  era por demais único e suas simpatias intensas demais para se repetirem.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Goya e o protesto social

Goya foi igualmente brusco ao revelar os vícios da Igreja e do Estado. Seu desgosto em relação à humanidade seguiu-se  a uma doença quase fatal em 1792, que o deixou completamente surdo. Durante a recuperação, isolado da sociedade, começou a pintar demônios do seu mundo interior de fantasia – início de uma preocupação com criaturas bizarras, grotescas, e sua obra madura.

O pintor também foi mestre em artes gráficas. Suas 65 gravuras “Os Desastres da Guerra”, de 1810-14, são francos exposés das atrocidades cometidas por ambos, o exército francês  e o espanhol, durante a invasão da Espanha. Com precisão sangrenta, reduziu cenas de tortura bárbara ao básico horror. Seu olhar sobre a crueldade humana era firme: castrações, desmembramentos, civis degolados empalados em árvores nuas, soldados desumanizados contemplando indiferentemente corpos linchados.

O 3 de maio de 1808,  Francisco Goya, 1814 “O 3 de Maio de 1808, Francisco Goya - 1814

“O  3 de Maio de 1808” é a resposta de Goya ao massacre de cinco mil civis espanhóis. As execuções eram represálias a uma revolta contra o exército francês em que os espanhóis foram condenados sem se levar em conta culpa ou inocência. Aqueles que possuíam um canivete ou uma tesoura  (“armas portáteis”) foram obrigados a marchar diante do pelotão de fuzilamento em lotes.

A pintura tem o aspecto imediato do fotojornalismo. Goya visitou o cenário fazendo esboços; no entanto, porque se desvia do Realismo, dá a ela uma força adicional.

Ele iluminou a cena noturna colocando no chão uma lâmpada que projeta uma luz forte. No fundo, a igreja está escura, como se toda a luz da humanidade tivesse se extinguido., Cadáveres ensanguentados se lançam em direção ao expectador, enquanto uma fila de vítimas se estende na distância. As vítimas do momento constituem o foco de interesse, com um homem de camisa branca de braços bem abertos num gesto desafiador, mas impotente, lembrando o Cristo crucificado. As sombras ácidas e a ausência de harmonia na cor sublinham a violência do evento.

Em outras pinturas daquela época, a guerra era sempre apresentada como um espetáculo glorioso e os soldados como heróis. Goya contrastou os rostos das vítimas e os gestos desesperados com as figuras sem rosto, parecendo autômatos, do pelotão de fuzilamento. Apesar de a surdez ter isolado Goya da humanidade, ele comunica apaixonadamente seus fortes sentimentos a respeito da brutalidade e da desumanização da guerra.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós Moderno

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

GOYA

As pinturas do artista espanhol Francisco de Goya (1746-1828) não se encaixam em categoria alguma. Sua obra só tinha sido influenciada pelo Realismo de Velazquez, pela visão de Rembrandt e, como ele dizia  pela “natureza”. Goya foi rebelde toda a vida. Literário que se opunha firmemente a todo tipo de tirania , o artista espanhol começou como desenhista semi-rococó de cenas divertidas para tapeçarias. Então tornou-se pintor de Carlos IV da Espanha, cuja corte foi notória pela corrupção e pela repressão. Observar o vício da corte e o fanatismo da igreja transformou Goya num amargo e satírico misantropo.

A família de Carlos IV, Goya, 1800 “A Família de Carlos IV”, Francisco de Goya, 1800

Sua obra era subjetiva como a dos românticos do século XIX, no entanto Goya é saudado como o primeiro pintor moderno. Suas visões de pesadelo expondo a maldade da natureza humana e sua técnica original de cutiladas nas pinceladas o tornam um pioneiro da angustiada arte do século XX.

“A Família de Carlos IV” de Goya é uma pintura de corte diferente de todas. O rei robusto, de rosto vermelho, carregado de medalhas, tem ar de suíno, o trio de olhos aguçados à esquerda (incluindo uma senhora idosa, com uma marca de nascença) tem aparência completamente predatória, e a rainha parece insipidamente distraída. Os críticos se maravilharam com a estupidez dos 13 membros de três gerações da família por não terem dado conta do quão incrivelmente Goya expôs sua afetação. Um crítico assim descreveu o grupo: “Um dono de mercearia e sua família, tendo acabado de ganhar o grande prêmio da loteria.”  A pintura era uma homenagem do artista à obra “As meninas” de Velázquez. Goya – como seu antecessor colocou-se à esquerda atrás de uma tela, registrando impassivelmente o desfile de arrogância real.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Gilbert Stuart – Estilo Norte-Americano

Stuart, foi um grande pintor da América do Norte do período  neoclássico. Recusava-se a seguir receitas estabelecidas para pintar pele, dizendo que não ia se curvar a mestre algum, mas “descobrir por minha conta o que é a natureza e vê-la com os meus próprios olhos”. Ele  usava todas as cores para se aproximar do tom de pele, mas sem misturar, o que achava que fazia a pele ficar com aparência de lama, feito sela de couro. Uma espécie de pré-impressionista, Stuart fazia a pela parecer luminosa, quase transparente, através de pinceladas rápidas em vez de camadas de verniz. Cada pincelada brilhava através das outras como sangue através da pele, dando um brilho de pérola aos seus rostos. A carne, disse Stuart, “não se parece com nenhuma outra substância debaixo do céu. Tem toda a alegria de uma loja de seda, sem sua pompa e seu lustro, e toda sobriedade de mogno antigo, sem sua tristeza.”

George Washington (O Retrato de Athenaeum) Gilbert Stuart - 1796George Washington, Stuart, 1796

Stuart foi equivalente ao pintor da corte para a nova república. Sua contribuição está em simplificar a retratação, descartando togas e gestos passageiros com o fim de enfatizar aspectos intemporais. Stuart pintou rostos com tanta acuidade que Benjamin West  chegou a dizer: Stuart “prega o rosto na tela”.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno

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