Recuperando o atraso em relação aos inovadores flamengos, os artistas germânicos, passaram à liderança da Escola do norte. No começo do século XVI, assimilaram os avanços pictóricos de seus pares do sul, Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael, Simultaneamente ao auge da criatividade artística italiana, aconteceu a Alta Renascença germânica, marcada pela austeridade da pintura religiosa de Grünewald, pelas perfeição técnica de Dürer e pelos insuperáveis retratos de Holbein.
Albert Dürer (1471-1528), primeiro artista nórdico de espírito renascentista, combinou o talento nórdico para o realismo com as conquistas da Renascença italiana. Chamado de “Leonardo do Norte” pela versidade de interesses, Dürer era fascinado pela natureza e se aprofundou em estudos de botânica. Acreditando que a arte deveria se basear em cuidadosa observação científica ele escreveu: “A arte está firmemente fixada na natureza, e aquele que sabe encontra-la ali a possui.” Infelizmente, essa curiosidade acarretou seu falecimento, quando teve a ideia de entrar em um terreno alagadiço para observar o corpo de uma baleia e apanhou uma febre que o levou a morte.
Considerando sua missão levar a seus pares nórdicos as descobertas do sul, Dürer publicou o tratados de perspectiva e proporções ideais. Além disso, assumiu a posição de artista como cavalheiro e erudito, elevando o status da profissão, até então comparável à de mero artesão, a uma importância digna de um príncipe. Foi o primeiro a se deixar cativar pela própria imagem, deixando uma série de auto-retratos (pintou o primeiro aos 13 anos). Em seu “Auto-retrato” de 1500, pintou-se numa pose semelhante à de Cristo, indicando a exaltação do status do artista, para não mencionar a alta conta em que se tinha.
A reputação de maior artista da Renascença do norte se deve aos trabalhos gráficos de Dürer. Antes dele, as gravuras eram estudos primitivos em contraste preto-branco. Dürer adaptou a criação de formas por meio de hachura à gravação em madeira, conseguindo nuances de luz e sombra. Como gravador, usava o adensamento das linhas para expressar diferenças de textura e tons tão sutis quanto na pintura a óleo. Dürer foi o primeiro a usar a gravura como forma de arte maior.
“Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, Dürer, gravura – MMA NY.
Dürer usava linhas finíssimas nas gravuras para obter nuances de tons e textura. Na gravura acima, a guerra, a fome e a morte assolam a humanidade
Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.
Hachura: Técnica usada em desenho e gravura que consiste em traçar linhas finas e paralelas, retas ou curvas, muito próximas umas das outras, criando um efeito de sombra ou meio-tom. O termo encontra sua origem no francês hachure - hache, que significa "machado".
Adensamento: Tornar denso ou espesso
0 comentários:
Postar um comentário