O mais notável artista da Renascença na Espanha foi o pintor El Greco (1541-1614). Nascido em Creta (então sob o domínio de Veneza), seu primeiro aprendizado foi no altamente padronizado e chapado estilo bizantino. Indo para Veneza, adotou as cores vívidas de Ticiano e a iluminação dramática de Tintoretto e foi também influenciado por Michelangelo, Rafael e pelos maneiristas de Roma. Seu nome verdadeiro era Domenikos Theotocopoulos, mas tinha o apelido de “El Greco”, e mudou-se para Toledo quando tinha cerca de 35 anos de idade.
Nessa época, a Contra-Reforma e a Inquisição mantinham a Espanha num estado de furor religioso. Muitos dos quadros surreais, intensamente emocionais de El Greco, refletem essa atmosfera de fanatismo.
Artista extremamente autoconfiante, El Greco disse certa vez que Michelangelo não sabia pintar e se ofereceu para consertar “O Juízo Final”. Dizia também que detestava sair à luz do sol porque “a luz do dia cega a luz de dentro”. A característica mais marcante de sua pintura advém dessa luz interna. Uma iluminação sobrenatural, espectral, se insinua na tela, fazendo de seu estilo o mais original da Renascença.
Os críticos discutem se El Greco deve ou não ser considerado maneirista; alguns afirmam que ele é idiossincrático demais para caber numa classificação. Sua arte manifesta inegáveis atributos maneiristas, como a luz fantasmagórica e as cores adstringentes: rosa forte, verde-ácido, azuis e amarelos luminosos. As figuras são distorcidas e alongadas – a escala é variável - e as composições são plenas de movimento espiralado. Nos quadros com temas religiosos – mas não nos retratos – El Greco não dava importância à representação exata do mundo visível. Preferia criar uma visão, carregada de emoção, do êxtase celestial.
Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno
Idiossincrático: relativo ao modo de ser, de sentir próprio de cada pessoa, relativo à disposição particular de um indivíduo para reagir a determinados agentes exteriores.
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