Em vista da obsessão da sociedade egípcia com a imortalidade, não é de surpreender que a arte tenha se mantido sem mudanças por 3 mil anos. Sua mais alta preocupação era garantir uma vida após a morte confortável para seus soberanos, que eram considerados deuses. A colossal arquitetura e as obras-de-arte existiam para cercar o espírito do faraó de glória eterna.
Nessa busca de permanência, os egípcios definiram o essencial para uma grande civilização: literatura, ciências médicas e alta matemática. Não apenas desenvolveram uma cultura impressionante - apesar de estática - mas, enquanto outras civilizações nasciam e morriam com a regularidade das cheias do rio Nilo, o Egito sustentou o primeiro estado unificado de grande porte durante três milênios. Muito do que se conhece sobre o Egito antigo provém das tumbas que restaram. Como os egípcios acreditavam que o ka, o espírito, do faraó era imortal, depositavam em sua tumba todos os bens terrenos para que ele os usasse na eternidade. As pinturas e os hieróglifos nas paredes eram uma forma de inventariar a vida e as atividades diárias do falecido nos mínimos detalhes. Estátuas do faraó ofereciam uma morada alternativa para o ka, caso o corpo mumificado se deteriorasse e não pudesse mais hospeda-lo.
"Príncipe Rahotep e sua esposa Nofret" - Museu Egípcio, Cairo
A pintura e a escultura obedeciam a padrões rígidos de representação da figura humana. A forma humana é representada em visão frontal do olho e dos ombros.
Olhos da princesa Nofret. Assim como seu marido, o príncipe Rahotep, os olhos são representados em visão frontal.
Sobre o formoso busto de Nofret, onde transparecem os seios rígidos sob a veste está pintado um largo colar do tipo usekh, que reproduz uma jóia muito difundida no antigo Egito. Trata-se de uma jóia formada por muitas voltas de pérolas com diferentes formas, materiais e cores, que na imagem são representados por linhas multicoloridas simples que terminam com uma fila de pingentes em formato de gota.
Hieróglifos
Um grande destaque é dado aos hieróglifos pintados de preto no fundo branco dos espaldares. O texto reproduzido com perfeita igualdade nos dois lados da cabeça de Nofret traz o nome da morta, precedido do título rekhet nesu, "aquela que conhece o rei", expressão que coloca em evidência a sua privilegiada proximidade da esfera real
Material: Calcário pintado.
Espaldar: As costas da cadeira, parte superior do dossel.
Strickland, Carol. A Arte Comentada, da Pré-História ao Pós Moderno. Coleções Folha. Grandes Museus do Mundo. Texto: Silvia Einaudi
Assine nosso feed ou receba por e-mail. Obrigado pela visita e volte sempre!
0 comentários:
Postar um comentário