As estátuas encontradas em 1908 por George Reisner, reproduzem com leves variações o mesmo esquema iconográfico. O soberano, caminhando com imponência na posição central, é acompanhado à direita pela deusa Hathor, identificada pelo seu habitual símbolo constituído por um disco solar entre dois chifres de vaca. A deusa abraça o soberano, assim como a outra figura feminina que, devido ao estandarte com a figura de Anúbis zoomorfo colocado sobre a sua cabeça, parece ser a personificação do XVII nomos (província) do Alto Egito.
Ambas usam uma longa veste aderente que ressalta as formas arredondadas de seus corpos, em contraste com o físico musculoso e atlético do faraó, coberto somente pelo típico saiote shendyt plissado, que deixa à mostra as longas pernas bem torneadas. Miquerinos traz na cabeça a fusiforme coroa branca do Alto Egito e tem o queixo coberto pela barba postiça estriada, símbolo tradicional da divindade. As várias tríades representam uma repetida homenagem do soberano à deusa Hathor, particularmente venerada nas províncias das quais cada escultura traz a personificação. Supõe-se, portanto, que originariamente as tríades fossem oito, como os nomos do Alto Egito, na maior parte ligados ao culto da Hathor, e fossem destinadas a decorar outras camadas do templo.
Em cada tríade, do lado esquerdo de Miquerinos está reproduzida a personificação de uma província particular do reino, detalhe que constitui o único forte elemento de diversidade entre os vários grupos de esculturas. O rosto arredondado do soberano, como o resto da escultura, é bem polido e quase aveludado graças ao uso de uma pedra não excessivamente dura, que permite tratar com suavidade as superfícies. A expressão serena de Miquerinos é muito semelhante à das figuras femininas ao seu lado, que aparecem, porém, mais baixas que o faraó por uma questão de respeito às proporções hierarquicas.
Na base da tríade, diante dos pés das figuras em posição ora de caminhada, ora estática, estão gravadas algumas colunas de hieróglios. O texto na parte esquerda da escultura traz o nome do faraó, escrito dentro da cártula, seguido pelo nome da deusa Hathor, à qual está associado o epíteto de “senhora da casa do sicômoro”. Diante da personificação do nomos encontra-se, no entanto, uma declaração de oferenda por parte da província, que doa ao faraó “todas as coisas boas”.
fonte: Coleção Folha. Grandes Museus do Mundo. Museu Egípcio do Cairo. texto. Silvia Einaudi.
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