quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Romantismo

A era romântica  de 1800-50 foi a Idade da Sensibilidade. Tanto escritores como artistas optaram pela emoção e pela intuição no lugar de objetividade racional. Como escreveu o paisagista romântico alemão Caspar David Friedrich, “o artista deve pintar não só o que vê à sua frente, mas também o que vê dentro de si”. Os românticos perseguiam sua paixão a pleno vapor. Mas viver intensamente, em vez de sabiamente, tinha seu preço. Poetas e compositores românticos como Byron, Keats, Shelley, Chopin e Shubert, todos morreram jovens.

O Romantismo tirou seu nome de um renovado interesse nas lendas medievais chamadas romances. Estavam na moda histórias de horror “góticas”, combinando elementos do macabro com o oculto (foi durante esse período que Mary Shelley escreveu Frankenstein), assim como a arquitetura que revivia o gótico de torres e torreões das Casas do Parlamento de Londres. Na decoração, armas e armaduras estavam in. Sir Walter Scottt e o romancista Horace Walpole mandaram construir castelos pseudogóticos. Este último sempre dizia: “Contemple brinquedos góticos  através de lente gótica.

Outra marca do Romantismo foi seu culto à adoração da natureza. Pintores como Turner e Constable elevaram o status da pintura de paisagem dando a cenas naturais tons excessivamente heróicos. Tanto o homem como a natureza eram vistos como se tocados pelo sobrenatural e era possível vislumbrar  sua divindade interior, assim rezava a cartilha romântica, confiando no instinto

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pinturas Negras - Goya

Goya ficou obcecado com a descrição do sofrimento causado péla intriga política e pela decadência da corte e da Igreja espanholas. Disfarçava sua repulsa, porém, com sátira, como nas perturbadoras “pinturas negras” que fez nas paredes de sua vila. Quinta del Sordo (casa do surdo). Os 14 grande murais em negro, marrom e cinza de 1820-22 apresentam monstros assustadores engajados em atos sinistros. “Saturno Devorando Seus Filhos” retrata  um gigante voraz com olhos abertos, lunáticos, enfiando o corpo  dilacerado, decapitado, do seu filho no papo. A  técnica  de Goya  era tão radical quanto sua visão. A certa altura, executou afrescos com esponjas, mas suas pinturas satíricas foram feitas com pinceladas amplas, ferozes, tão ardentes quanto os eventos retratados.

Saturno Devorando Seus Filhos,  Francisco de Goya“Saturno Devorando Seus Filhos”, Francisco de Goya

Goya morreu na França, num exílio auto-imposto. Teve vinte filhos, mas não seguidores. Seu gênio  era por demais único e suas simpatias intensas demais para se repetirem.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Goya e o protesto social

Goya foi igualmente brusco ao revelar os vícios da Igreja e do Estado. Seu desgosto em relação à humanidade seguiu-se  a uma doença quase fatal em 1792, que o deixou completamente surdo. Durante a recuperação, isolado da sociedade, começou a pintar demônios do seu mundo interior de fantasia – início de uma preocupação com criaturas bizarras, grotescas, e sua obra madura.

O pintor também foi mestre em artes gráficas. Suas 65 gravuras “Os Desastres da Guerra”, de 1810-14, são francos exposés das atrocidades cometidas por ambos, o exército francês  e o espanhol, durante a invasão da Espanha. Com precisão sangrenta, reduziu cenas de tortura bárbara ao básico horror. Seu olhar sobre a crueldade humana era firme: castrações, desmembramentos, civis degolados empalados em árvores nuas, soldados desumanizados contemplando indiferentemente corpos linchados.

O 3 de maio de 1808,  Francisco Goya, 1814 “O 3 de Maio de 1808, Francisco Goya - 1814

“O  3 de Maio de 1808” é a resposta de Goya ao massacre de cinco mil civis espanhóis. As execuções eram represálias a uma revolta contra o exército francês em que os espanhóis foram condenados sem se levar em conta culpa ou inocência. Aqueles que possuíam um canivete ou uma tesoura  (“armas portáteis”) foram obrigados a marchar diante do pelotão de fuzilamento em lotes.

A pintura tem o aspecto imediato do fotojornalismo. Goya visitou o cenário fazendo esboços; no entanto, porque se desvia do Realismo, dá a ela uma força adicional.

Ele iluminou a cena noturna colocando no chão uma lâmpada que projeta uma luz forte. No fundo, a igreja está escura, como se toda a luz da humanidade tivesse se extinguido., Cadáveres ensanguentados se lançam em direção ao expectador, enquanto uma fila de vítimas se estende na distância. As vítimas do momento constituem o foco de interesse, com um homem de camisa branca de braços bem abertos num gesto desafiador, mas impotente, lembrando o Cristo crucificado. As sombras ácidas e a ausência de harmonia na cor sublinham a violência do evento.

Em outras pinturas daquela época, a guerra era sempre apresentada como um espetáculo glorioso e os soldados como heróis. Goya contrastou os rostos das vítimas e os gestos desesperados com as figuras sem rosto, parecendo autômatos, do pelotão de fuzilamento. Apesar de a surdez ter isolado Goya da humanidade, ele comunica apaixonadamente seus fortes sentimentos a respeito da brutalidade e da desumanização da guerra.

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

GOYA

As pinturas do artista espanhol Francisco de Goya (1746-1828) não se encaixam em categoria alguma. Sua obra só tinha sido influenciada pelo Realismo de Velazquez, pela visão de Rembrandt e, como ele dizia  pela “natureza”. Goya foi rebelde toda a vida. Literário que se opunha firmemente a todo tipo de tirania , o artista espanhol começou como desenhista semi-rococó de cenas divertidas para tapeçarias. Então tornou-se pintor de Carlos IV da Espanha, cuja corte foi notória pela corrupção e pela repressão. Observar o vício da corte e o fanatismo da igreja transformou Goya num amargo e satírico misantropo.

A família de Carlos IV, Goya, 1800 “A Família de Carlos IV”, Francisco de Goya, 1800

Sua obra era subjetiva como a dos românticos do século XIX, no entanto Goya é saudado como o primeiro pintor moderno. Suas visões de pesadelo expondo a maldade da natureza humana e sua técnica original de cutiladas nas pinceladas o tornam um pioneiro da angustiada arte do século XX.

“A Família de Carlos IV” de Goya é uma pintura de corte diferente de todas. O rei robusto, de rosto vermelho, carregado de medalhas, tem ar de suíno, o trio de olhos aguçados à esquerda (incluindo uma senhora idosa, com uma marca de nascença) tem aparência completamente predatória, e a rainha parece insipidamente distraída. Os críticos se maravilharam com a estupidez dos 13 membros de três gerações da família por não terem dado conta do quão incrivelmente Goya expôs sua afetação. Um crítico assim descreveu o grupo: “Um dono de mercearia e sua família, tendo acabado de ganhar o grande prêmio da loteria.”  A pintura era uma homenagem do artista à obra “As meninas” de Velázquez. Goya – como seu antecessor colocou-se à esquerda atrás de uma tela, registrando impassivelmente o desfile de arrogância real.

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Leia Também: As Meninas ou a Família de Filipe IV

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Gilbert Stuart – Estilo Norte-Americano

Stuart, foi um grande pintor da América do Norte do período  neoclássico. Recusava-se a seguir receitas estabelecidas para pintar pele, dizendo que não ia se curvar a mestre algum, mas “descobrir por minha conta o que é a natureza e vê-la com os meus próprios olhos”. Ele  usava todas as cores para se aproximar do tom de pele, mas sem misturar, o que achava que fazia a pele ficar com aparência de lama, feito sela de couro. Uma espécie de pré-impressionista, Stuart fazia a pela parecer luminosa, quase transparente, através de pinceladas rápidas em vez de camadas de verniz. Cada pincelada brilhava através das outras como sangue através da pele, dando um brilho de pérola aos seus rostos. A carne, disse Stuart, “não se parece com nenhuma outra substância debaixo do céu. Tem toda a alegria de uma loja de seda, sem sua pompa e seu lustro, e toda sobriedade de mogno antigo, sem sua tristeza.”

George Washington (O Retrato de Athenaeum) Gilbert Stuart - 1796George Washington, Stuart, 1796

Stuart foi equivalente ao pintor da corte para a nova república. Sua contribuição está em simplificar a retratação, descartando togas e gestos passageiros com o fim de enfatizar aspectos intemporais. Stuart pintou rostos com tanta acuidade que Benjamin West  chegou a dizer: Stuart “prega o rosto na tela”.

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sábado, 29 de maio de 2010

Início da Arte Norte-Americana

O fato de um norte-americano talentoso ter que seguir seu ofício na Inglaterra (Benjamin West) devia-se ao estado atrasado das artes. A maior parte dos colonizadores era de fazendeiros, preocupados com a sobrevivência e mais interessados em utilidade do que em beleza. Eram de origem trabalhadora, dificilmente do tipo que patrocinaria obras-de-arte. A igreja não praticava o patronato, devido à influência do Puritanismo, com seu preconceito contra “imagens sepulcrais”. Não havia grandes edifícios a serem enfeitados nem grande riqueza que comprasse peças de luxo. Prata e acessórios exibiam perícia artesanal, e a arquitetura federal era bonita. Mas a escultura era praticamente desconhecida, com exceção da estatuária para cemitérios.

Os primeiros pintores norte-americanos foram, em geral, retratistas ou pintores autodidatas de tabuletas. Seu trabalho era linear com contornos rígidos e ausência de ponto focal. Não era de surpreender que o retrato fosse a mais procurada forma de arte, já que a política enfatizava respeito pelo indivíduo. Os iluminadores itinerantes, como eram chamados os primeiros artistas, pintavam retratos individuais ou de grupos, sem rostos no inverno e, na primavera,    procuravam clientes e preenchiam os vazios.

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Neoclassicismo Norte-Americano

A fundação da república norte-americana coincidiu com a popularidade do Neoclassicismo.  Por um século, os edifícios oficiais em Washington foram derivações do neoclassicismo.

O fato de o neoclassicismo ter se tornado o estilo  deveu-se  principalmente a Thomas Jefferson, um arquiteto amador. Ele construiu a Universidade de Virgínia à guisa de ensaio clássico. O conjunto incluía uma rotunda à maneira do Panteon e pavilhões na forma dos templos romanos. Jefferson usava as ordens dórica, jônica e coríntia para demonstrar aos estudantes os vários estilos de arquitetura.

Na escultura, as figuras antigas em estilo idealizado, clássico, também estavam na onda. Uma das mais aclamadas obras do século XIX foi a “Escrava Grega” (1843), de Hiram Power, estátua de mármore de uma menina nua acorrentada, que ganhou fama internacional. Horatio  Greenough aplicou a doutrina neoclássica com menos sucesso. O prático público norte-americano riu de sua estátua de um George Washington de peruca, torso nu e sandálias romanas.

O primeiro pintor nascido na América do Norte a receber aclamação internacional foi Benjamin West (1738-1820). Seu trabalho era um somatório do estilo neoclássico. Ficou tão famoso pelas cenas de batalha que se tornou presidente da Academia Real Britânica. West fez toda a sua carreira na Inglaterra, e seu ateliê em Londres era parada obrigatória para os pintores norte-americanos de visita.

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terça-feira, 18 de maio de 2010

ODALISCA (Parte IV)

 

O nu feminino de Larry Rivers.

 

Gosto de Olympia de Cara Preta, Rivers, 1970 Gosto de Olympia de Cara Preta, Larry Rivers, 1970

O pintor nova-iorquino Larry Rivers, nascido em 1923, fez parte da geração que se seguiu ao Expressionismo Abstrato, que desafiou a recusa  do Realismo por parte da arte abstrata e desenvolveu a arte pop. Rivers combinou  as pinceladas livres, vigorosas do Expressionismo Abstrato com temas de diversas fontes, indo da publicidade às belas artes. A cor, e não o tema, de acordo com Rivers, “é o que tem significado”. Sua versão de “Odalisca” de Manet dá uma nova cara a um conceito com séculos de idade.

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Leia Também: ODALISCA (Parte III)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

ODALISCA ( Parte III)

Giorgione e seu nu feminino

Vênus Adormecida, 1510 - Giorgione“Vênus Adormecida” (Vênus de Dresden), Giorgione, c. 1510

Staatliche Kunstsammlungen, Dresden. O primeiro nu feminino deitado como tema artístico foi do veneziano Giorgione, um pintor renascentista sobre o qual pouco se sabe. É provável    que tenha pintado “Vênus Adormecida”, em 1510, ano de sua morte precoce, de peste. Diz-se que Ticiano terminou a obra, acrescentando a paisagem arcádica e os panos. É comum ver associados a esse gênero popular de pintura um cenário simples, uma pose relaxada – a mulher recostada sobre travesseiros – e ausência de história. Giorgione era bonito e namorador, grande amante da beleza feminina, no entanto, retrata sua Vênus como uma figura de inocência, sem consciência de estar sendo observada.

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Leia Também: ODALISCA (Parte II)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

ODALISCA (Parte II)

O nu feminino retratado por Francisco de Goya.

A Maja desnuda, Goya, 1796-98“A Maja Desnuda” Goya, 1796-98 

Goya foi denunciado durante a Inquisição por esta versão “obscena”, atualizada apresentando nudez frontal total. O título quer dizer “coquete nua”, e a imagem totalmente erótica de Goya causou furor na recatada sociedade espanhola. Acredita-se que a modelo é sua amiga e patrona – a aristocrática, porém muito pouco convencional, condessa de Alba. Existe também uma réplica vestida da figura, em pose idêntica, mas esboçada muito apressadamente. Diz-se que Goya a pintou quando o conde estava a caminho de casa, para justificar todo o tempo que tinha passado na companhia da condessa. É provável que Goya tenha se inspirado na versão “Vênus Rokeby” de Velazquez, um nu deitado visto de costas. Embora uma sufragette ofendida tenha cutilado (dado golpes de cutelo) a Vênus de Velazquez, o nu  de Goya é muito  mais sedutor, com a carne suave, macia, contrastando com a pincelada ondeada do lençol de cetim e dos babados de renda.

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Leia Também: ODALISCA (Parte I)

domingo, 9 de maio de 2010

O maior artista do universo

Hoje, dia das mães vou presentear e  apresentar  aos leitores deste blog, o maior e melhor artista plástico do Universo, suas obras são comparáveis às de Michelangelo, David, Rafael, entre outros. Recebi de presente algumas de suas obras, como homenagem ao dia das mães, o que me deixou muito feliz. Este artista é  meu neto André (6 anos). Vejam suas obras e a homenagem recebida. Ganhei uma casa muito linda, um carro (sem rodas), mas um carro, e um coração muito delicado com a dedicatória mais sublime já recebida do artista em questão.

Gostaria que  meus leitores avaliassem e comentassem a qualidade das obras.

 

 

presente 2 dia das mãesCasa

 

presente 3  André

O carro (sem rodas, rs), acho que ele esqueceu!

 

presente dia das mães André

o mais belo, delicado e importante de todos

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sábado, 8 de maio de 2010

ODALISCA (Parte I)

O nu feminino reclinado ou deitado, muitas vezes chamado de Odalisca, segundo a palavra turca que quer dizer menina de harém, é uma figura recorrente por toda a arte ocidental. Aqui se vê como alguns artistas deram seu toque individual a esse tema tradicional.

 

Olympia, Manet, 1863“Olympia”, Manet, 1863 

A “Olympia” de Manet, causou gritaria pública. Com seu olhar audaz, apreciador e traços individualizados, obviamente não era uma deusa idealizada, mas uma pessoa de verdade. Um crítico a chamou de “gorila fêmea”. Outros atacaram a técnica não acadêmica de Manet. “A menos bonita das mulheres tem ossos, músculos, pele e alguma forma de cor. Aqui não há nada” “As sombras são indicadas”, escreveu outro, “por grandes lambuzadas de preto.” A maioria considerou  a sensualidade do quadro imoral. “A arte que desce tanto nem merece reprovação.”

Enormes multidões afluíram o Salão para ver o que estava acontecendo. Depois que a tela foi atacada fisicamente, penduraram-na fora do alcance, por cima de uma porta. Um espectador reclamou: “Mal se sabia o que se estava vendo – um  pedaço de carne nua ou um monte de roupa na lavanderia. “Manet tornou-se o líder reconhecido da vanguarda devido ao succès de scandale de “Olympia”.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pre-História ao Pós-Moderno

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O tema está dividido em quatro partes, serão publicados individualmente

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Obras sem autoria definida

A maior parte das obras de arte da Idade Média não tem autoria definida. Isso porque, de acordo com a Igreja, o verdadeiro autor era Deus, que, por meio dos seres humanos, expressava suas ideias e vontades.

 

Tapeçaria de Bayeux, final do século  XITapeçaria de Bayeux, século XI, representa a conquista da Inglaterra pelos normandos

Na pintura, destacavam-se miniaturas, ou iluminuras, feitas para ilustrar os manuscritos, tapeçarias e os murais, também chamados de afrescos. Os murais era pinturas feitas nas paredes geralmente retratando cenas religiosas.

Havia também as esculturas que decoravam o interior dos templos.

Nelson Piletti, Claudino Piletti. Thiago Tremonte. História e vida integrada.

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Leia também: Estilo Arquitetônico da Idade Média

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ingres

Jean Auguste Dominique Ingres, aos 11 anos frequentava a escola de arte e aos 17  fazia parte do ateliê de David. O jovem discípulo nunca deixou que suas pinceladas aparecessem, dizendo que a tinta tinha que ser lisa como a “casca da cebola”. Ingres, porém foi além do mestre na devoção aos antigos. Na obra inicial, usou as pinturas de vasos gregos como modelo e desenhou figuras planas, lineares, que os críticos condenaram como sendo “primitivas” e “góticas”.

Então apareceram em cena Delacroix e Géricault campeões da emoção e da cor, em vez de intelecto e perícia no desenho como base da arte. Contra o “barbarismo” desses “destruidores” da arte. Ingres se tornou o porta-voz da ala conservadora, advogando a antiga virtude da qualidade técnica. “O desenho é a probidade da arte”, era seu manifesto. Ele pedia cuidado contra o uso de cores fortes, quentes, para se obter impacto visual, dizendo que eram “anti-históricas”.

A disputa acabou virando xingamento, com Ingres rotulando Rubens, o herói dos românticos, de “aquele açougueiro flamengo”. Ele considerava Delacroix o “diabo encarnado”. Uma vez, quando Delacroix saiu do Salon, depois de pendurar uma pintura, Ingres comentou: “Abram as janelas, está cheirando a enxofre.”. Por sua vez, os românticos chamavam as pinturas de Ingres e sua escola de “desenhos coloridos”.

Ironicamente esse arqueiro defensor da fé neoclássica às vezes se desviava dos princípios de sua devoção. É verdade: Ingres era desenhista impecável, cuja linha intrincada influenciou Picasso, Matisse e Degas. Mas os nus femininos de Ingres estavam longe do ideal grego ou do Renascimento.

Ingres era atraído por exóticos, eróticos como a menina do harém, em “Odalisca”. Os críticos atacaram a pintura pela cabeça pequena e o traseiro anormalmente longo. “Ela tem vértebras a mais”, disse um deles. “Não tem osso, não tem músculo, não tem vida”, disse outro. Sem dúvida, Ingres alongou os membros para aumentar sua elegância sensual.

A Grande Odalisca, Ingres, 1814 “Odalisca”, Ingres, 1814

Ingres pregava a lógica, no entanto, o poeta romântico Baudelaire notou que os melhores trabalhos de Ingres eram “produto de uma natureza profundamente sensual”. De fato, Ingres era mestre em nus femininos. Ao longo de toda sua carreira pintou banhistas, dando à beleza  de porcelana de sua carne um estilo mais suave que o de David.

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estilo Arquitetônico da Idade Média

O conhecimento medieval era unificado, o que significa que as artes também exerciam a função de educar e conhecer. Como a Igreja dominava a cultura erudita, os temas artísticos eram invariavelmente religiosos, e as obras, quase sem exceção, estavam nos edifícios das igrejas. Assim, destacava-se à arquitetura, com a construção de templos, igrejas, mosteiros e também castelos.

Catedral de Worms, Alemanha, estilo românico, século XIICatedral de Worms, Alemanha, estilo românico, século XII

Na Idade Média europeia predominaram dois estilos arquitetônicos: o românico e o gótico. As construções em estilo românico (século X, XI e XII)  caracterizavam-se por arcos redondos, paredes grossas, grandes colunas, janelas pequenas e interior pouco iluminado.

Catedral  de Chartres, França, estilo gótico, século XIICatedral de Chartres, França – estilo gótico

As construções em estilo gótico (final do século XII até o século XV) caracterizavam-se pelos arcos em formato ogival, janelas maiores e mais numerosas, paredes altas e interior iluminado.

Nelson Piletti. Claudino Piletti. Thiago Tremonte. História e vida integrada.

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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ingres x Delacroix

Em seguida a David, na primeira metade do século XIX, a arte se transformou numa disputa entre dois pintores franceses:

Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867), campeão do Neoclassicismo. Ingres chegou naturalmente ao Neoclassicismo, tendo sido o mais famoso pupilo de David.

Retrato da Princesa de Broglie, Ingres, 1853 “Retrato da Princesa de Broglie”, Ingres, 1853

 

O segundo foi  Eugène Delacroix (1798-1863), defensor ardoroso do Romantismo.

 

Cavalos Árabes lutando numa estrebaria, Eugène Delacroix, 1860 “Cavalos Árabes Lutando Numa Estrebaria”, Delacroix, 1860 – obra tardia do pintor.

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Leia Também:  David

terça-feira, 27 de abril de 2010

David

David, amigo de Robespierre, foi partidário ardoroso da Revolução e votou a favor  da guilhotina para o rei Luís XVI. Sua arte foi propaganda em prol da república, com a intenção de “eletrificar”, disse ele, e “plantar as sementes da glória e da devoção para com a terra paterna”. O retrato do líder  assassinado, “Morte de Marat”, é sua obra-prima. Marat, amigo íntimo de David, foi um revolucionário radical, que morreu apunhalado por um contra-revolucionário durante o banho. (Antes da Revolução, enquanto se escondia da polícia nos esgotos de Paris, Marat contraíra psoríase e tinha que trabalhar imerso num banho medicinal, usando um caixote como escrivaninha.)

Logo após o assassinato, David correu para o cenário do crime, para registra-lo. Embora o fundo seja friamente vazio, a pintura de David enfatizou o caixote, a toalha manchada de sangue e a faca que, como objetos reais, foram cultuados pelo público como relíquias sacras. David retrata Marat como um santo, numa pose similar à de Cristo na “Pietà” de Michelangelo.

Morte de Marat, David, 1793 “Morte de Marat”, David,  1793

Quando Robespierre foi guilhotinado, levaram David preso. Mas, em vez de perder a cabeça, o flexível pintor tornou-se chefe do programa de arte de Napoleão. Mudou das composições simples do seu período revolucionário para a pompa e a nobreza das pinturas das conquistas do pequeno imperador, tais como “Coroação de Napoleão e Josefina”. Embora suas cores tenham se tornado mais vivas, David se ateve ao que também aconselhava aos alunos: “não permitir que as pinceladas apareçam”. Suas pinturas têm um acabamento limpo, brilhante, liso como verniz. Durante três décadas, a arte de David foi o modelo oficial do que se considerava ser a arte francesa e, por extensão, a arte europeia.

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Leia Também: Neoclassicismo Francês

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Neoclassicismo Francês

David: Pintando o Passado

Foi numa viagem a Roma, quando pela primeira vez viu a arte clássica, que David teve sua visão reveladora. Disse sentir-se como se “tivesse sido operado de catarata”. Avidamente desenhou mãos, olhos, orelhas e pés de toda escultura antiga que encontrava dizendo: “Quero trabalhar num estilo grego puro.” Em pouco tempo, os discípulos de David jogavam migalhas de pão na “Peregrinação a Citera”, de Watteau, para mostrar seu desprezo  pelo que achavam que era arte “artificial”.

Juramento dos Horácios, David,  1784 “Juramento de Horácios”, David, 1784 – Essa obra marcou a morte da arte Rococó e o renascimento da Neoclássica.

Em “Juramento dos Horácios”, três irmãos juram derrotar os inimigos ou morrer por Roma, ilustrando o novo clima de auto-sacrifício, em vez de auto-indulgência. Da mesma maneira como a Revolução Francesa derrubou os nobres decadentes, essa pintura marcou uma nova era de estoicismo. David demonstrou a diferença entre o velho e o novo através do contraste dos contornos retos e rígidos  dos homens com as formas curvas das mulheres. Até mesmo a composição da pintura reforçava sua firme resolução. David situou cada figura como uma estátua, iluminada por um feixe de luz, contra um fundo simples de arcos romanos. Com o fim de assegurar a precisão histórica, vestiu roupas romanas e fez capacetes romanos para então copiar.

    • Estoicismo: Doutrina que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais, resignação na dor e na adversidade.

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Neoclassicismo

Mais ou menos a partir de 1780 até 1820, a arte neoclássica refletiu, nas palavras de Edgar Allan Poe, “a glória que foi a Grécia,/E a grandeza que foi Roma”. Esse reviver do austero Classicismo na pintura, na escultura, na arquitetura e no mobiliário constitui uma clara reação contra o enfeitado rococó. O século XVIII tinha sido a Idade das Luzes, quando os filósofos pregavam o evangelho da razão e da lógica. Essa fé na lógica levou à ordem e às virtudes “enobrecedoras” da arte neoclássica.

A morte de Sócrates, Jacques-Louis David “A Morte de Sócrates” , Jacques-Louis David

O iniciador da tendência foi Jacques-Louis David (1748-1825), pintor e democrata francês que imitava a arte grega e romana para inspirar a nova república  francesa. Como assinalou o escritor alemão Goethe, “agora se quer heroísmo e virtudes cívicas”. A arte “politicamente correta” era séria, ilustrando temas da história antiga ou da mitologia, em vez das frívolas cenas de festa rococó. Como se a sociedade tivesse tomado uma dose excessiva de doce, o princípio substituiu o prazer e a pintura deu apoio à mensagem moral de patriotismo.

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domingo, 25 de abril de 2010

Os “Ismos” do Século XIX

Para a civilização ocidental, o século XIX foi uma época de revolução. A Igreja perdeu seu poder, as monarquias balançavam e as novas democracias tinham cada vez mais problemas. Em suma, a tradição perdeu o atrativo; o futuro estava ali, para quem quisesse. Forças desconhecidas como industrialização e urbanização desaprumavam as cidades com massas de pobres insatisfeitos. O ritmo rápido do progresso científico e os males do capitalismo sem freios aumentavam a confusão.

O mundo artístico dos anos 1800 fervilhava de facções, cada uma delas reagindo às outras. Em vez de um estilo predominar por séculos, como aconteceu nas épocas do Renascimento e do Barroco, movimentos e contramovimentos brotavam feito cogumelos. O que tinham sido  as eras transformou-se  em “ismos”, cada um representando uma tendência artística.  Durante a maior parte do século, três estilos principais competiram um com o outro: o Neoclassicismo, o Romantismo, e o Realismo. Perto do final do século, rapidamente surgiram e desapareceram diversas escolas  - o Impressionismo, o Pós-Impressionismo, o Art Nouveau e o Simbolismo.

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sábado, 24 de abril de 2010

Arquitetura Rococó: Decoração de Interiores

No século XVIII, as fachadas dos prédios continuavam barrocas, mas foram sendo gradualmente substituídas pelo neoclássico. No interior das residências de Paris, porém, assim como nas igrejas e nos palácios da Alemanha, da Áustria, de Praga e de Varsóvia, o rebuscado rococó dominava o cenário.

Casa Milá, Gaudi, 1907, Barcelona, Espanha Casa de Milá, Antonio Gaudi, 1907 - Barcelona

 

Embora o amor rococó pelo artifício fosse estranho ao arquiteto espanhol Antonio Gaudi, seu trabalho incorporou as curvas sinuosas desse estilo. O gênero de Gaudi nasceu do Art Nouveau e se baseou no desejo de alijar a tradição e assumir as formas aleatórias da natureza. Na recusa das linhas retas e na predominância do efeito ondulante – com janelas semelhantes a folhas de nenúfar (flor de lótus) –, o prédio de apartamentos da imagem é herdeiro do rococó.

 

Detalhe, Casa Milá, Antonio Gaudi (1852-1926) Detalhe: Casa de Milá

Nenúfar: planta aquática (tipo Vitória-Régia) que se instala e se reproduz na superfície dos rios e que aos poucos vai fechando o fluxo das águas e tirando o seu oxigênio até matar toda a vida que ali exista

 

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Leia Também: Rococó

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Arte Rococó

  • Clima: Leve, vivaz, superficial, cheio de energia
  • Decoração Interior:  Marchetaria elaborada, painéis pintados, enormes espelhos de parede.
  • Formas: Curvas sinuosas em formas de S e C, arabescos, floreados semelhantes a fitas.
  • Estilo: Leve, gracioso, delicado
  • Cores: Branco, prata, ouro, tons suaves de rosa, azul, verde
  • Palavras Chaves Francesas: la grâce (elegância), le goût (gosto refinado).

O melhor exemplo de um interior rococó é o Salão dos Espelhos, projetado por François de Cuvilliés (1698-1768), que havia sido anteriormente, bobo da corte. Essa “maison de plaisance”, ou casa do prazer, é profusamente decorada, porém com delicadeza. Uma série de espelhos, portas e janelas em arco se destaca entre as linhas curvilíneas de plantas, cornucópias, animais e instrumentos musicais – tudo em prata banhada em ouro, sobre um frio fundo azul. As curvas ascendentes e descendentes dos ornamentos fazem desse aposento um tour de force do estilo rococó.

 

Salão dos Espelhos, François Cuvilliés 1734-39  Rococó Salão dos Espelhos, Cuvilliés – Amalienburg - Alemanha

Carol Strickland, Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

“Fete Galante”

Depois da morte de Luís XXV, em 1715, a aristocracia trocou Versalhes por Paris, onde os salões das enfeitadas casas urbanas sintetizavam o estilo rococó. A nobreza tinha uma vida frívola, dedicada ao prazer, refletida num tipo de pintura bem característica, a “fete galante”, mostrando jovens elegantemente trajados em brincadeiras ao ar livre. Os quadros de Antoine Watteau (1684-1721), François Boucher (1703-70) e Jean-Honoré Fragonard (1732-1806) assinalam essa mudança da seriedade e da grandiosidade para o fútil e superficial na arte e na sociedade francesa.

Peregrinação a Citera, Watteau, 1717 “A Peregrinação a Citera”, Antoine Wateau

Na “Peregrinação a Citera”, de Wateau, casais românticos brincam numa ilha encantada onde reinam a eterna juventude e o amor. Boucher pintou também pastores e pastoras belamente vestidos entre árvores frondosas, nuvens espessas e ovelhas dóceis. O estilo de Boucher era extremamente superficial. Ele se recusava a pintar a vida, dizendo que a natureza era “verdade demais e mal iluminada”. Seus bonitos quadros de nus em poses sedutoras faziam grande sucesso entre a aristocracia decadente.

BoucherLeda e o Cisne, François Boucher, 1741 – óleo sobre tela 

 

Os quadros de Jean-Honoré Fragonard eram igualmente leves e excessivamente ataviados (adornados). Em seu famoso “O Balanço”, num gesto provocante, uma jovem sentada num balanço atira longe a sandália de cetim enquanto um admirador espia suas calçolas de renda.

O Balanço,  Jean-Honoré Fragonard“O Balanço”, Jean-Honoré Fragonard, 1767 – Óleo sobre tela 

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rococó

O rococó nasceu em Paris, coincidindo com o reinado de Luís XV (1723-74). Por volta de 1760 já era considerado ultrapassado na França, mas continuou em moda em outros países. Até o final do século continuou a ornamentar os luxuosos castelos e igrejas da Alemanha, da Áustria e da Europa Central. O nome rococó é derivado de rocaile, referente a conchas e seixos que ornamenta, grotas e fontes, e surgiu como um estilo de decoração de interiores.

 

A Carta de Amor, 1750, óleo sobre tela, François BoucherA Carta de Amor, François Boucher – 1750 – óleo sobre tela

Em certos aspectos, o estilo rococó se assemelha ao significado da própria palavra. As artes decorativas foram um campo privilegiado para essa ornamentação delicada, curvilínea. Os pisos eram revestidos com elaborados  padrões  em folha de madeira, a mobília era ricamente marchetada, decorada com estofamento em gobelin e incrustações  em marfim e casco de tartaruga. Roupas, talheres e porcelanas também eram sobrecarregados em desenhos de flores, conchas e folhas. Até o desenho das carruagens trocava as linhas retas por floreios e arabescos, e os cavalos eram ajaezados (enfeitados) com plumas imensas e arreios cravejados de pedras preciosas.

A arte rococó  era tão decorativa e não-funcional quanto a aristocracia que a adotou.

Carol Strickland. Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno.

Grota: Abertura na margem de um rio, feita pelas águas das enchentes; vale profundo; depressão  de terreno

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terça-feira, 20 de abril de 2010

Os Jardins de Versalhes

A vastidão do interior do Palácio de Versalhes foi relativizada pelos grandes jardins projetados por André Le Nôtre.

 

Vista de parte do jardim do Palácio de Versalhes, França Vista parcial dos Jardins de Versalhes

 

Em lugar de bosques, ele impôs um desenho matematicamente exato de jardins, caminhos e grupamentos de árvores. “A simetria, sempre a simetria”, queixava-se  madame de Maintenon, amante de Luís XIV.

 

Jardim do Palácio de Versalhes - França Caminhos Simétricos dos Jardins de Versalhes

 

Para quebrar a monotonia das formas geométricas, Le Nôtre usou a água – tanto em movimento, como na fonte de Apolo, folheada em ouro, em tranquilos, e enormes, espelhos d’água. O projeto exigia tanta água que Luís XIV arregimentou trinta mil soldados para o empreendimento, fracassado, de puxar água do rio Eure, a 65 quilômetros de distância.

Jardim  Palácio Versalhes florido, França A beleza das flores de Versalhes

Carol Stickland, Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Luxo: Palácio de Versalhes

O auge da opulência barroca é o esplendoroso Palácio de Versalhes, transformado de modesto pavilhão de caça, no mais luxuoso palácio do mundo. É o tributo à ambição de um homem, Luís XIV (1638-1715) que aspirava alcançar, segundo alguns, “além do suntuoso e estupendo” L’état cést moi (o Estado sou eu), dizia o monarca absoluto, conhecido como “Rei Sol”. Cercado por uma corte  de dois mil nobres  e 18 mil soldados e criados, Luís XIV criou um ambiente de luxo ostensivo para impressionar os visitantes com o esplendor da França e de sua real pessoa.

Palácio de Versalhes, FrançaVista Geral do Palácio de Versalhes, França

As centenas de aposentos de Versalhes foram adornadas com candelabros de cristal, mármores de várias cores, móveis em prata maciça e cortinas em veludo carmesim bordado em ouro. O próprio rei, coberto de ouro, diamantes e plumas, recebia os altos dignatários que o visitavam sentado num trono de prata de quase três metros de altura, coberto por um dossel. Seu real despertar (lever) e recolher (coucher) eram assistidos por um enxame de cortesãos, em rituais formais tão importantes para a corte quanto o nascer e o pôr-do-sol. Cada refeição do rei exigia a participação de 498 pessoas. “Não somos pessoas privadas”, dizia o rei. “Pertencemos inteiramente ao público.”

Palácio de Versalhes, vista parcialPalácio de Versalhes, França

O impacto visual tinha precedência sobre o conforto das criaturas no palácio. O grande chão de mármore deixava o interior gelado, a água congelava nas bacias, enquanto milhares de velas iluminando as noites de gala tornavam os eventos de verão sufocantes de calor. Apesar desses inconvenientes, Luís XIV dava festas com apresentação de justas e torneios, banquetes e comédias de Molière.

Galeria dos Espelhos, Palácio de Versalhes, França

Galeria dos Espelhos, Palácio de Versalhes, França

O salão de baile era adornado com guirlandas, as árvores  iluminadas com milhares de velas em castiçais e enfeitadas com laranjas de Portugal e groselhas da Holanda. A propósito, La Fontaine disse: “Os palácios viram jardins e os jardins viram palácios.”

No jardim zoológico de Versalhes havia elefantes, flamingos  e avestruzes, um carrossel chinês movido por criados escondidos no subsolo e gôndolas no Grande Canal, que mede quase um quilômetro. Em Versalhes, a corte vivia num luxo ímpar, em meio à opulência do mobiliário e das obras-de-arte, a maioria classificada como arte decorativa e não como obra-de-arte.

Carol Strickland, Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno

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domingo, 18 de abril de 2010

Claude Lorrain

Depois de Poussin, o mais famoso pintor barroco francês foi Claude Lorrain (1600-82), conhecido simplesmente como Claude. Assim como Poussin, Claude foi atraído para a Itália, onde pintou cenas idílicas (poéticas) dos campos italianos. Os dois diferem é na inspiração, pois Claude se inspirava menos nas formas clássicas do que na própria natureza e na luz serena da aurora e do anoitecer que unifica seus quadros.

Paisagem com Comerciantes, Claude Lorrain, c. 1630“Paisagem com comerciantes”, c. 1630, óleo sobre tela, Claude Lorrain

Claude passou grandes períodos entre os pastores, desenhando árvores, colinas e as românticas ruínas de campagna italiana, ao amanhecer e no fim da tarde. O arranjo típico de seus quadros contém majestosas árvores emoldurando uma radiante vista campestre e intensificando  a luz central. Claude não se interessava pelas figuras humanas  pequeninas que habitavam seus campos: seu único propósito ali é estabelecer a escala  para os elementos naturais. Na verdade, ele pagava a outros artistas para pinta-las  para ele.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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sábado, 17 de abril de 2010

Nicolas Poussin: Barroco Francês

No século XVII, a França era o país mais poderoso da Europa, e  Luís XIV chamou os maiores talentos para glorificar seu reinado com um palácio de inigualável esplendor. Com o advento de Versalhes, a França tomou o lugar  de Roma como centro da arte européia (e ocupou  esse lugar até a Segunda Guerra Mundial), mesmo tomando como modelo de sua arte as relíquias romanas.

Mestre da Composição

O mais famoso pintor do século XVII, Nicolas Poussin (1594-1665), não trabalhou na França, mas em Roma. Apaixonado pela antiguidade, baseou seus quadros nos antigos mitos e na história de Roma e na escultura grega. A ampla influência da obra de Poussin reviveu o estilo da antiguidade, que veio a ser a influência artística nos duzentos anos seguintes.

Poussin tomou o racionalismo clássico tão a sério que, quando Luís XIII o chamou a Paris para pintar um afresco no teto do Louvre, ele se recusou a seguir o código prevalente dos santos flutuantes. As pessoas não pairam no ar, ele argumentou com uma lógica impecável, perdendo assim a encomenda e voltando às suas amadas ruínas romanas.

Enterro de Focion, Nicolas Poussin, 1648 “Enterro de Focion”, Poussin, 1648

Entregue às suas próprias motivações, Poussin resolveu pintar no que chamou de la maniera magnífica, conforme suas palavras: “O primeiro requisito mental para todos os outros, é que o tema e a narrativa sejam grandiosos, batalhas, atos heróicos ou motivos religiosos.” O artista devia excluir termos “baixos”. Aqueles que não evitavam o cotidiano, como Caravaggio (que ele detestava), “se refugiavam em (temas inferiores) devido à fragilidade de seu talento”.

A obra de Poussin exerceu enorme influência no curso da arte francesa (e, consequentemente, do mundo) nos dois séculos seguintes porque todos os artistas eram formados no “Poussinismo”, o Classicismo institucionalizado.

Carol  Strickland. Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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Leia Também: Illustred London News

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Illustred London News

Em 1985, um juri de conhecedores de arte, a pedido da Illustred London News, elegeu “As Meninas”  inquestionavelmente a maior obra-de-arte realizada por um ser humano.

Veja as classificações:

1. Velázquez

As Meninas, Diego Velázquez, 1656 - Madrid“As Meninas”, Velázquez 

 

2. Vermeer

Vista de Delft, Vermeer“Vista de Delft “, Vermeer

 

3. Giorgione

A Tempestade, Giorgione “A Tempestade”, Giorgione

 

4.Botticelli

A Primavera, Botticelli “A Primavera”, Botticelli

5.Pietro della Francesca

A Ressurreição, Pietro della Francesca“A Ressurreição”, Pietro della Francesca

 

6. El Greco

O Enterro do Conde Orgaz, El Greco“O Enterro do Conde Orgaz”, El Greco

 

7. Giotto

A Lamentação, Giotto“A Lamentação”, Giotto

 

8. Grünewald

O Altar de Isenheim, Grünewald “O Altar Isenheim”, Grünewald

 

9. Picasso

Guernica, Picasso “Guernica”, Picasso

 

10. Rembrandt

A volta do filho pródigo, Rembrandt“A Volta do Filho Pródigo”, Rembrandt

 

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno

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