O auge da opulência barroca é o esplendoroso Palácio de Versalhes, transformado de modesto pavilhão de caça, no mais luxuoso palácio do mundo. É o tributo à ambição de um homem, Luís XIV (1638-1715) que aspirava alcançar, segundo alguns, “além do suntuoso e estupendo” L’état cést moi (o Estado sou eu), dizia o monarca absoluto, conhecido como “Rei Sol”. Cercado por uma corte de dois mil nobres e 18 mil soldados e criados, Luís XIV criou um ambiente de luxo ostensivo para impressionar os visitantes com o esplendor da França e de sua real pessoa.
Vista Geral do Palácio de Versalhes, França
As centenas de aposentos de Versalhes foram adornadas com candelabros de cristal, mármores de várias cores, móveis em prata maciça e cortinas em veludo carmesim bordado em ouro. O próprio rei, coberto de ouro, diamantes e plumas, recebia os altos dignatários que o visitavam sentado num trono de prata de quase três metros de altura, coberto por um dossel. Seu real despertar (lever) e recolher (coucher) eram assistidos por um enxame de cortesãos, em rituais formais tão importantes para a corte quanto o nascer e o pôr-do-sol. Cada refeição do rei exigia a participação de 498 pessoas. “Não somos pessoas privadas”, dizia o rei. “Pertencemos inteiramente ao público.”
O impacto visual tinha precedência sobre o conforto das criaturas no palácio. O grande chão de mármore deixava o interior gelado, a água congelava nas bacias, enquanto milhares de velas iluminando as noites de gala tornavam os eventos de verão sufocantes de calor. Apesar desses inconvenientes, Luís XIV dava festas com apresentação de justas e torneios, banquetes e comédias de Molière.
Galeria dos Espelhos, Palácio de Versalhes, França
O salão de baile era adornado com guirlandas, as árvores iluminadas com milhares de velas em castiçais e enfeitadas com laranjas de Portugal e groselhas da Holanda. A propósito, La Fontaine disse: “Os palácios viram jardins e os jardins viram palácios.”
No jardim zoológico de Versalhes havia elefantes, flamingos e avestruzes, um carrossel chinês movido por criados escondidos no subsolo e gôndolas no Grande Canal, que mede quase um quilômetro. Em Versalhes, a corte vivia num luxo ímpar, em meio à opulência do mobiliário e das obras-de-arte, a maioria classificada como arte decorativa e não como obra-de-arte.
Carol Strickland, Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno
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