domingo, 4 de abril de 2010

Frans Hals – O mestre do momento

A contribuição de Frans Hals (1580-1666) para a arte foi sua habilidade para captar a expressão passageira. Seus quadros podiam retratar músicos, ciganos ou cidadãos respeitáveis, mas todos eram trazidos à vida, geralmente rindo e levantando uma caneca. Sua marca registrada são os retratos de homens e mulheres apanhados num momento de alegre diversão.

O quadro mais famoso de Hals. “O Cavaleiro Sorridente”, retrata um tipo matreiro com um sorriso nos lábios, brilho nos olhos e bigode airosamente  curvado para cima. Hals obteve esse ar de gabolice principalmente com o efeito das pinceladas. Antes dele, os realistas holandeses se orgulhavam de disfarçar as pinceladas para esconder o processo de pintura, aumentando assim o realismo do quadro. A “assinatura” de Hals eram golpes do pincel, fortes, à maneira de esboço.

O Cavaleiro Sorridente, Frans Hals, 1624.“O Cavaleiro Sorridente”, Frans Hals, 1624

Em sua técnica alla prima, que significa “de imediato” em italiano, o artista aplica a tinta diretamente na tela, sem uma camada  de preparação, e termina o quadro com essa única aplicação de tinta. Embora as pinceladas de Hals sejam claramente visíveis de perto, assim como nas telas de Rubens e Velázquez, formam imagens coerentes à distância e captam com perfeição o imediatismo do momento. Ele captou seu “Alegre Beberrão” congelando um momento de vida, os lábios separados como se prestes a falar, a mão no meio de um gesto.

O Alegre Beberrão, Frans Hals, 1627, óleo sobre tela.“O Alegre Beberrão”, Frans Hals, 1627

Hals transformou a rígida convenção do retrato de grupo. Em seu “Banquete dos Oficiais da Companhia de Guarda São Jorge”, o artista não retrata os componentes da milícia como guerreiros, mas como festeiros num alegre banquete. Antes dele, a tradição mandava que os artistas pintassem os membros do grupo como numa foto da classe, dispostos como efígies em fileiras bem demarcadas, Hals sentou-os em poses relaxadas em volta de uma mesa, interagindo naturalmente, com cada expressão facial individualizada.

 

Banquete dos Oficiais da Companhia de Guarda São Jorge, Frans Hals“Banquete dos Oficiais da Companhia de São Jorge”, Frans Hals 

Embora a cena pareça improvisada, a composição tem um equilíbrio de poses e gestos, unidos pelo vermelho, pelo branco e pelo preto. As diagonais barrocas de estandartes, faixas e golas pregueadas reforçam a sensação de orgulho da farra de jovens.

Os retratos sociais, alegres, das décadas de 1620 e 30, revelam o talento de Hals para avivar, e não preservar, o modelo. Infelizmente, seu final de vida foi triste. Embora retratista famoso, o amor ao vinho e à cerveja mostrado em seus quadros transbordou para sua vida pessoal. Com dez filhos e uma segunda mulher brigona sempre com problemas com a polícia, Hals “enchia a cara” toda noite, segundo um amigo seu, e morreu de ostracismo.

Carol Stickland. Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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