Prova da devoção de Reynolds à Tradição da Grandiosidade é que ele acabou ficando surdo por passar tempo demais nos gélidos aposentos do Vaticano. copiando as obras de Rafael. Também no continente foi ele que pegou uma “febre do fórum” que durou a vida inteira, passando a poluir seus retratos com relíquias romanas e poses nobres. Seu dilema era que, embora pudesse ficar rico como “pintor de caras”, apenas os pintores históricos eram considerados poetas entre os artistas. Ele tentou combinar os dois gêneros, criticando Gainsborough por pintar “com olho de pintor e não de poeta”.
“Jane, Condessa de Herrington”, Reynolds, 1777
Reynolds era imbatível na idealização da realidade. Tanto ele como Gainsborough pintaram retratos de Mrs. Siddons. Gainsborough retratou como uma dama de sua época; já Reynolds retratou-se como Musa Trágica, entronizada entre símbolos da Piedade e do Terror. Ele idolatrava tanto os mestres como Rafael, Michelangelo, Rubens e Rembrandt que chegou a pintar um auto-retrato vestido como Rembrandt.
Apesar do pedantismo, seus retratos faziam sucesso. “Desgraçado! Como é variado!”, exclamou Gainsborough sobre esse artista que sabia pintar imponentes heróis militares, nobres damas e crianças brincalhonas com a mesma maestria. Ironicamente, em seu melhor retrato. Reynolds ignorou as próprias regras, Em vez de idealizar o que ele chamava “deficiências e deformidades”, apoiou-se num estilo direto, íntimo, para captar a personalidade do modelo.
Carol Strickland. Arte Comentada, Da Pré-História ao Pós-Moderno.
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