Sempre assoberbado de encomendas Gainsborough escreveu:
“A pintura e a pontualidade combinam tanto como azeite e vinagre”
Gainsborough adorava van Dyck. Com o mestre, ele aprendeu a alongar as figuras de modo a parecerem mais nobres e a pinta-las em poses negligentes, charmosas, para parecerem mais vivas. Seus retratos, com adoráveis paisagens ao fundo, trouxeram novo frescor à arte inglesa. Gainsborough pintava paisagens para seu prazer pessoal e construía em seu estúdio cenas em miniatura com brócolis, esponjas e musgos para simular a natureza virgem. Como ninguém comprava as paisagens, Gainsborough tinha que se contentar em inseri-las no fundo dos retratos.
“Mrs. Richard Brinsley Sheridan”, Gainsborough, c. 1785
Em “Mrs. Richard Brinsley Sheridan”, a modelo está em trajes comuns, sentada numa pedra, num ambiente campestre (o pintor queria pintar alguns carneiros para dar um ar mais “pastoral”). A beleza natural da paisagem e da modelo se harmonizaram perfeitamente. A árvore emoldurando o quadro à direita se arqueia para dentro da pintura, prendendo o olhar, enquanto as linhas curvas das nuvens e da árvore no meio do campo, as moitas, as colinas e os contornos trazem o foco de volta ao rosto da modelo. Esse movimento barroco, forçando o olhar a circular, se repete no oval do rosto.
O aspecto folhoso dos quadros de Gainsborough ajudou a estabelecer o conceito, levado a sério por pintores como Constable no século XIX, de que a natureza é um tema digno da arte.
Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.
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