terça-feira, 27 de abril de 2010

David

David, amigo de Robespierre, foi partidário ardoroso da Revolução e votou a favor  da guilhotina para o rei Luís XVI. Sua arte foi propaganda em prol da república, com a intenção de “eletrificar”, disse ele, e “plantar as sementes da glória e da devoção para com a terra paterna”. O retrato do líder  assassinado, “Morte de Marat”, é sua obra-prima. Marat, amigo íntimo de David, foi um revolucionário radical, que morreu apunhalado por um contra-revolucionário durante o banho. (Antes da Revolução, enquanto se escondia da polícia nos esgotos de Paris, Marat contraíra psoríase e tinha que trabalhar imerso num banho medicinal, usando um caixote como escrivaninha.)

Logo após o assassinato, David correu para o cenário do crime, para registra-lo. Embora o fundo seja friamente vazio, a pintura de David enfatizou o caixote, a toalha manchada de sangue e a faca que, como objetos reais, foram cultuados pelo público como relíquias sacras. David retrata Marat como um santo, numa pose similar à de Cristo na “Pietà” de Michelangelo.

Morte de Marat, David, 1793 “Morte de Marat”, David,  1793

Quando Robespierre foi guilhotinado, levaram David preso. Mas, em vez de perder a cabeça, o flexível pintor tornou-se chefe do programa de arte de Napoleão. Mudou das composições simples do seu período revolucionário para a pompa e a nobreza das pinturas das conquistas do pequeno imperador, tais como “Coroação de Napoleão e Josefina”. Embora suas cores tenham se tornado mais vivas, David se ateve ao que também aconselhava aos alunos: “não permitir que as pinceladas apareçam”. Suas pinturas têm um acabamento limpo, brilhante, liso como verniz. Durante três décadas, a arte de David foi o modelo oficial do que se considerava ser a arte francesa e, por extensão, a arte europeia.

Carol Strickland. Arte Comentada. Da Pré-História ao Pós-Moderno.

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